As Cervejas Premium vêm conquistando cada vez mais adeptos

Brindar com boas cervejas é sempre mais gostoso!

A cerveja sempre foi uma das bebidas mais consumidas no mundo inteiro, desde os tempos anteriores à Cristo. E o Brasil não fica de fora dessa estatística, já que se encontra entre os 30 maiores consumidores e é o terceiro maior produtor desta grande invenção da humanidade, perdendo apenas para a China e os Estados Unidos.

Mas vale ressaltar que aqui no Brasil o cardápio “mainstream” (com opções mais populares e dominantes, a exemplo de marcas como Antarctica, Brahma, Kaiser e Skol) imperou por bastante tempo. Somente há alguns anos é que houve uma maior diversidade de fabricação e importação, dando espaço, inclusive, a inúmeras marcas nacionais. Isso porque, se você não sabe, existem, pelo menos, 120 tipos de cerveja.

Antes de conhecermos melhor os mais variados tipos e estilos, que incluem a categoria Premium e dizem respeito ao modo de fabricação, vamos saber o que faz deste líquido tão consumido uma legítima cerveja.

Uma boa cerveja se faz com água de qualidade, cereais maltados e lúpulo

Produzida por meio da fermentação, a cerveja é uma bebida alcoólica carbonatada, e, para ser considerada das boas, deve conter estes quatro principais ingredientes: água, malte, lúpulo e levedura.

O malte nada mais é que o resultado de um processo pelo qual os cereais, geralmente a cevada ou trigo, passam. Uma espécie de germinação controlada, seguida pelas fases de secagem e torrefação (se o tipo de cerveja exigir). É este ingrediente que fornece os nutrientes e açúcares que funcionarão como alimento para o fermento (as famosas leveduras). E é exatamente o tipo de malte escolhido e a intensidade de torrefação que determinam características como cor, sabor e aroma.

O lúpulo, por sua vez, é uma flor, que costuma florescer em climas frios, ajudando a definir o sabor e contribuindo com o aroma da cerveja. É o lúpulo que controla o nível de açúcar do malte e que, dependendo da quantidade utilizada, eleva o nível do bom e velho (ou temido, rs) amargor. Já a levedura trata-se de micro-organismos que realizam o processo de fermentação, transformando os açúcares do cereal em álcool, o que também pode influenciar no sabor.

Não custa lembrar que, além dessas quatro matérias-primas principais, é possível, e permitido, utilizar outros adjuntos na fabricação da cerveja, entre eles, cereais não maltados, como milho e arroz, que agem como uma fonte alternativa de amido – mais barata que o malte de cevada, condimentos, frutas ou legumes e licores em geral. No entanto, a legislação brasileira limita o uso dos cereais não maltados em, no máximo, 45%.

3 numerosas famílias e mais de 120 tipos de cerveja

Tem cerveja para todos os gostos

Os grandes conhecedores de cerveja costumam classificar esta bebida em três principais famílias, mas apenas duas são amplamente difundidas: a ALE, na qual as cervejas são de alta fermentação, mais encorpadas e com sabores mais complexos; e a LAGER, composta por cervejas de baixa fermentação, mais leves e com menor teor alcoólico que a Ale, as mais consumidas aqui no Brasil. Já as cervejas da família LAMBIC, a menos comum entre todas, são feitas através de fermentação espontânea, aproveitando as leveduras que estão no ar.

Família Ale

Abordaremos então sobre as duas principais famílias. Mas, para começar, falaremos da invenção mais antiga, embora menos consumida aqui no Brasil: as cervejas ALE. Mais encorpada e com sabores bem acentuados, variando entre o doce e o amargo, esta família de cerveja tem a sua fermentação realizada em temperaturas altas, entre 15 e 24 graus. E é justamente este tipo de fermentação a quente que torna os sabores complexos, maltados e lupulados.

Esta família possui diversos tipos e subtipos. Entre eles estão as Pale Ales, que são cervejas mais claras, com graduação alcoólica até 6%, e que englobam as conhecidas American Pale Ale, English Pale Ale e India Pale Ale ou simplesmente IPA. Esta última, confesso que até eu, que adoro cerveja, não consigo beber sem fazer careta.

Mas não é só de cerveja amarga que vive a família ALE. Outro tipo até bastante conhecido aqui no Brasil é a Weissbier, também chamada de Weizenbier, Wheat Beer ou Cerveja de Trigo. Este estilo é bem mais refrescante e possui baixo amargor com alta carbonatação. Além disso, pode apresentar variados aromas, como o de banana, chocolate e diversas outras especiarias. Tá aí uma boa indicação para quem diz não gostar de cerveja.

Família Lager

De longe, a mais consumida no Brasil, embora muita gente acredite que seja a Pilsen. Se você é uma das pessoas que pensam assim, vou lhe contar um “segredinho”: o estilo Pilsen é uma subcategoria da Lager, e a verdadeira Pilsen é beeeem diferente das que costumamos consumir por aqui com esta indicação no rótulo. Mas, vamos com calma!

As cervejas Lager se diferenciam das Ales pelo fato das leveduras utilizadas iniciarem sua fermentação em temperatura mais baixa, por volta de 6 a 12 graus, ficando acumuladas no fundo dos tanques. Por isso, são conhecidas como cervejas de baixa fermentação, mais carbonatadas, leves, já que a graduação alcoólica varia entre 4 e 5% e, portanto, apresentam maior aceitação junto ao público. Seu líquido é dourado e filtrado, embora existam algumas versões mais escuras.

Tonalidades definidas pelo tipo de malte escolhido e pela intensidade da torrefação

O tipo da família Lager mais consumido no Brasil é a Light Lager ou Pale Lager, ou seja, as Lagers claras. E é aqui que se encontra o subtipo Pilsner, uma Pale Lager original, desenvolvida como receita da cerveja Pilsner Urquell, mas que teve sua origem na pequena cidade da Boêmia, atualmente República Tcheca, chamada de Plzeñ – que em alemão significa Pilsen.

Dourada, translúcida, leve, duradoura, com espuma cremosa e um altíssimo “drinkability” (termo inglês que indica maior facilidade de beber grandes quantidades), a verdadeira Pilsner precisa ser produzida com malte de cevada, sem a presença de grãos não maltados, como milho, aveia e arroz – produtos que são muito utilizados no Brasil. Portanto, as cervejas mais consumidas por aqui se encaixam, na verdade, em outro subtipo de cervejas Pale Lagers, as American Lagers.

Fácil de beber, com baixo teor de amargor e aroma suave de cereais, tonalidade dourada e cristalina, as cervejas American Lagers são produzidas pelas marcas mais populares vendidas no Brasil. Mas, como diversas características das cervejas Pilsen também estão presentes nelas, estes dois estilos acabam se confundindo.

Para não me alongar ainda mais, vou falar de apenas mais um subtipo das Pale Lagers: a Premium American Lager, as tão famosas cervejas premium, que tem caído cada vez mais no gosto do consumidor brasileiro. Caracterizada pela maior concentração de malte e lúpulo, em relação às duas anteriores, esta cerveja possui corpo médio e um tom dourado um pouco mais escuro. Os exemplos mais famosos vendidos no Brasil são a Heineken, Stella Artois e Miller Genuine Draft.

Desculpe-me por não cumprir a “promessa” acima, mas não poderia deixar de citar outro tipo de cerveja Lager, além das claras: as Dark Lagers. Até porque este estilo de cerveja conta com um subtipo bastante atrativo aqui em nosso País, a famosa Malzbier, uma cerveja escura e doce, de graduação alcoólica baixa, na faixa dos 3 a 4,5%.

Mas será que toda Cerveja Premium é realmente Premium?

Cerveja Premium é diferente de Puro Malte

Engana-se quem pensa que para ser Premium uma cerveja precisa ser Puro Malte. Na verdade, de uma maneira geral, elas possuem um alto teor de malte de cevada, são mais lupuladas e contam com muito menos adjuntos cervejeiros. Espantou-se? Pois bem, meu caro amigo, as cervejas American Premium Lager podem sim conter outros ingredientes além de água, malte, lúpulo e levedura, sem que isso altere a sua condição de premium. Assim como cervejas denominadas de puro malte nem sempre se apresentam como excelentes cervejas.

De acordo com o Larrousse da Cerveja, a porcentagem máxima de adjuntos do tipo cereais não maltados em uma cerveja Premium Lager deve ser de 25%, mas isso não é regra. O que importa é que este subtipo atenda a requisitos como: inovação periódica, qualidade diária e originalidade, além de, obviamente, conter mais malte, lúpulo, álcool e menos adjuntos.

Só para exemplificar: além das cervejas citadas no bloco anterior, aqui no Brasil as cervejas premium são bem representadas pela Cerpa, Bavaria Premium, Brahma Extra, entre outras.

O que não dá é para aceitar rótulos que indiquem a característica Premium apenas porque a marca resolveu promover aquela determinada cerveja, sem nenhum critério de qualidade superior definido. Mas, agora que você já conhece pelo menos um pouco deste universo tão vasto, será mais difícil comprar gato por lebre.

“A venda de bebidas alcoólicas é proibida para menores de 18 anos. Aprecie com moderação. Se beber, não dirija.”